BREVEMENTE...
O Zé estava muito cansado e não era para menos, ao fim de oito horas nas minas de Sto António do Pau Murcho, ali a dar no duro!
Finalmente terminou o turno naquele dia, e foi-se embora. Chegou a casa e abriu a porta e logo ali reparou em algo estranho: o chão estava molhado, o corredor estava alagado. O Zé avançou pelo corredor até à cozinha…ele estava com fome! Pelo caminho passou pela casa de banho. A Maria estava no duche. Então ele seguiu em frente e entrou na cozinha – preparou uma sandes, abriu uma lata de Super Bock e sentou-se à mesa. A Maria duas horas depois saiu do banho. Viu o Zé sentado à mesa a fumar um cigarro e a beber uma cerveja…e mais outras seis latas já vazias sobre a mesa! O Zé olhava para o chão pensativo e com um trejeito pesaroso. A Maria quebrou o silêncio: - Então, isso é que é sede! O Zé levantou-se e aproximou-se dela: - Maria, porque é que a casa está toda alagada? Não há esfregona nesta casa? - Não sei o que se passou Zé, o que queres que te diga? O Zé pegou na mão da Maria: - Vem comigo até ao nosso quarto. Chegados ao quarto o Zé apontou para o chão todo molhado, incluindo os lençóis da cama. - O que se passou aqui Maria? - Não sei amor, estou tão admirada como tu! - Tens alguma coisa para me dizer? – Zé insistiu. – De certeza que não tens nada para me dizer? - Não amor! Zé agarrou-lhe num braço e a empurrou contra a janela: - Espreita aqui pela janela, o que vês? - Não sei o que dizer. – Disse Maria. - Pois eu, para além de ter a minha casa transformada numa piscina, vejo um rasto de gelo a sair da janela do meu quarto em direção à rua! Maria agora chorava compulsivamente, desalmadamente: - Desculpa Zé, por favor! O Zé respirou fundo e perguntou-lhe: - Maria, tu andas a trair-me com o ICEMAN? Maria baixou a cabeça envergonhada e começou a chorar novamente. O Zé pôs-lhe uma mão no rosto, e com a outra afagou-lhe os suaves cabelos castanhos: - Maria, se me queres trair, não me traias com um gajo que deixa rastos de gelo por onde passa! Eu ao menos tenho mais bom senso, traio-te com a MULHER INVISÍVEL! Moral da história: Acho que não há qualquer moral nesta história. PS - O Zé e a Maria são Portugas, já o Iceman e a Mulher Invisível são personagens da Marvel! (Contém palavrões susceptíveis de poderem chatear alguém...para além de muitos pontapés na gramática.) Maria mexia-se freneticamente na cama – seriam umas dez horas da noite sensivelmente –, fazendo um chinfrim dos diabos. A cama era deveras antiga, toda em madeira e há muitas décadas, habitação de várias gerações de Carunchos (uns bichos que gostam muito da Ilha da Madeira). Como a cama ainda se aguentava de pé e intacta ao fim de uns sessenta/setenta anos, nem os próprios bichos o saberiam explicar! A verdade é que a Maria e o Manél eram daqueles casais, como dizer, eternamente apaixonados, e sobre os quais os anos pareciam não passar, ou principalmente afectar, sentimentalmente falando. Os muitos anos de casados não os apartou um do outro, pelo contrário, uniu-os mais ainda. Era uma relação saudável, sadia, onde não importava a idade, nem as rugas, a pele envelhecida, os cabelos brancos, o furúnculo na nádega esquerda do Manél, as varizes nos seios da Maria, nem mesmo as teias de aranha, ou a algália que o Manél usava durante a noite para não manchar os belos lençóis brancos…hum…amarelos, de renda, que cobriam o colchão. A Maria teria os seus oitenta e quatro anos, o Manél era cinco anos mais velho. Pequenas gotas de suor escorriam luzidias pela face velha e rugosa de Maria, atravessando depois o vale por entre as bossas desgastadas, murchas e flácidas, para seguirem barriga abaixo e por fim desaguarem perto do nariz de Manél. Infelizmente para Maria, Manél não a podia penetrar nesta noite, pois o stock de Viagra tinha terminado, e comprar este medicamento aquelas horas da noite na pequena aldeia de São Nicolau do Pau Murcho, estava fora de questão. - Ai, ‘tá-me a dar os afrontamentos…arrabenta-me aí home! Ai sim…sim…sim sinhori! De repente os gemidos de Maria acentuaram-se, o que não era normal, despertando a atenção de Manél, que parou de imediato. - Atão milher, há azar? - Porra home, ‘tava aquase! Lembe! Lembe!. - Eh pah, é que não é normal ouvir-te jamer assim! - Sim, realmente ‘tou algo contusa aí em baixo… - Pois…sabes que em relação a isso eu não posso dizer o mesmo… - Não é isso Manél, ‘tou contusa…quer dizer que tenho uma contusão home! - Claro que tens uma, querias ter quantas? - Não é isso, contusão é o mesmo que dizer lesão home! - Ah, atão eu tive razão para parar! - Tiveste Manél, mas eu ‘tava aquase porra! - Atão e agora? - Não sei. Acho que devíamos chamar um taxe e irmos ao hospital ver o que é isto. O que é que tu achas? - Espera lá…achega-te aqui – Manél levou o dedo indicador entre as pernas da mulher. – Diz-me o que é que sentes. - Tu vê lá, não me alejes! – alertou Maria, ao mesmo tempo que deu um grito de dor. - Pronto, vamos lá chamar atão o taxe. - Isso, liga para o stander dos taxes! Passavam dez minutos da meia-noite quando Maria e Manél chegaram ao Hospital de Bragança. São Nicolau do Pau Murcho pertence ao Concelho de Mirandela, Distrito de Bragança – zona este de Trás-os-Montes. (vá, vão lá ao Google Maps pesquisar se esta terra existe ou não!) A sala de espera, nas urgências, nem estava assim tão cheia, tendo em conta que ainda era cedo e ser numa véspera de fim-de-semana. Estariam ali no máximo quatro/cinco pessoas. Entre elas estava a Etelvina, conhecida da Maria, que logo se aprestou a cumprimentá-la. - Atão Maria, também por cá? - É verdade milher, atão não vês…a idade não perdoa! - Atão? - Olha…deu-me uma dor aqui entre as pernas, que não queiras saber! - A sério milher? Deve ser uma infecção urinária p’raí! Olha, a mim foi aqui nas cruzes – disse, pondo as mãos atrás das costas e junto às ancas para demonstrar à amiga. - Bem, ‘tou com uma traça! – Manél interrompeu a conversa. – Já comia qualquer coisa… - Vai ali home – disse Maria, apontado para uma máquina ao canto da sala. – Olha p’ró comer que há ali! Tens ali muito comer para comer! - Sim, ‘tou a ver…vou ali ver o que há de comer p'ra pôr no bucho. Passaram-se duas horas… - Mas será possível Etelvina…já passaram duas horas e só foi atendida uma pessoa?! – protestou Maria. - Eu sei Maria…eu que o diga, que vim p'raqui ás quatro da tarde, porque não consegui consulta no Centro de Saúde de Mirandela. Fui para lá marcar vez eram seis da manhã! Já ‘tá quase a fazer oito horas… - A sério milher??? - Sim, já é normal…isto, a culpa é da Cambra Municipal! – opinou Etelvina. - Olha, por falar em Cambra, esqueci-me de ir pagar a áuga! - Deixa milher, eu também não paguei a minha. Olha, e o teu marido? Aonde é que ele se meteu? - Deve ter ido à retrete mudar a algália… Passou-se mais uma hora… - Ai…ai…as minhas cruzes! – gemia Etelvina. - Ai…ai…a minha vajaina! – lamentava-se Maria. - Chega! - Manél, que já ressonava quase há uma hora, despertou com todas aquelas lamúrias. – Já chega! Manél levantou-se devagarinho da cadeira (que a idade já não perdoa) e dirigiu-se, mais devagar ainda, ao guiché. - ‘Tou farto disto! Alguém vai levar uma galheta nos cornos!!! – E depois de chegar ao guiché (passados dez minutos). – Quem é o responsável por isto? Vocês ‘tão a gozar com a gente! - Sim, o senhor tem razão – desculpou-se prontamente a menina do guiché. – Sabe, é que o médico de serviço tem uma disfusão alimentar, e precisa comer sempre de hora a hora! Hoje ao jantar, por exemplo, mandou vir uma pizza pela primeira vez, e não queira saber…como o estômago dele não ‘tá habituado a este tipo de comeres, teve que fazer uma pausa nas consultas para recuperar…fez uma pausa de duas horas e aproveitou para ver o Benfica, que ‘tava a jogar àquela hora! - A senhora já ‘ta a afectiva aqui? – perguntou o Manél. - Eu? Não. Porquê? - Atão vou fazer com que a despeçam! É uma incontinente!!! Nisto, um enorme alvoroço desperta-lhe a atenção. Maria estava caída sobre os mosaicos frios, húmidos e sujos, daquela “sala de pânico” (lá está!). - MARIA!!! – Manél coxeou em seu auxilio. Passaram-se cinco minutos… Manél chegou junto de Maria e inclinou-se ligeiramente – não se podia baixar devido à osteoporose da qual padecia. - MARIA!!! – berrou a plenos pulmões. Maria já não lhe respondeu. Em poucos minutos dois enfermeiros com uma maca assomaram do meio do nada, e em poucos segundos desapareceram com Maria. Passavam dez minutos das quatro da manhã quando um sujeito de bata branca irrompeu pela sala na direcção de Manél. Este alevantou-se e olhou o médico olhos nos olhos. Perante a expressão desconsolada e pesarosa do médico, Manél baixou a cabeça… - A minha mulher doutor?... - Usted es que el esposo de la Señora Maria? - Ãnh??? - Su mujer acaba de morir! Mi más sentido pésame…mis sentimientos! Etelvina levantou-se. - Bem, deixa-me ir até casa, a ver se durmo uma horita…que às seis da manhã tenho que ‘tar no Centro de Saúde de Mirandela para marcar "vez"...outra vez! Moral da História: Se querem ser atendidos num Centro de Saúde, ou Centro de Dia, e não marcaram consulta…o ideal é montarem acampamento logo às quatro da manhã! Conclusão: Vocês têm noção dos médicos Espanhóis que invadiram o nosso país nos últimos anos? À atenção do sr. Paulo Macedo – Ministro da Saúde (pelo menos era à data) O diário de: Zé Há Dias De Azar Silva
Sexta-feira, dia 13 de Janeiro de 2013: - Querido diário, hoje foi mais um dia que se passou, um dia como outro qualquer. Mas comparado com outros, até devo dizer que foi um dia muito calmo; normalmente eles são assim – sou um afortunado devo dizer -, pronto, há sempre uma ou outra situação que aparece, umas mais engraçadas, outras mais invulgares e caricatas…mas já estou habituado, são acasos que podem acontecer a qualquer um. Coincidências da vida! Olha, mais uma coincidência querido diário: neste momento a caneta está a falhar, está a ficar sem tinta. O que vale é que tenho aqui mais. Hum…não, parece que não. Agora que reparo não tenho mais canetas…mas tenho um lápis! Ah, tem o bico partido. Vou já afiá-lo. Parece que não tenho afia. Bem…uma faca resolve isto. Já aqui estou novamente querido diário. Demorei mais um pouco porque tive de ir fazer um curativo ao dedo mindinho da mão esquerda – cortei-me com a faca enquanto afiava o lápis. Nem te passa, querido diário, estive a ver o sorteio do Euromilhões ainda agora e adivinha lá…nunca tinha tido uma prestação tão boa: acertei num número e numa estrela!!! Acho que vou ganhar qualquer coisa… Ao contrário dos outros dias, hoje estou um pouco mais preocupado. São onze horas da noite e a minha mulher ainda não chegou a casa. Será que foi raptada? É que o armário da roupa e igualmente a sapateira estão vazios! Assaltaram-me a casa, de certeza. Quero ligar para a polícia, mas não tenho telefone. Como já sabes querido diário, foi cortado – não paguei a factura. Também não tenho a culpa de estar desempregado! Também tenho o telemóvel, mas está sem bateria, e o carregador avariou. Também já pensei se ela não me terá deixado e abandonado - não gostei nada de a ter apanhado ontem toda nua na cama com o homem dos correios! Será que o seu desaparecimento terá alguma coisa a ver com isto querido diário? Não acredito, até porque o homem é casado e tem filhos! E a explicação dela foi bem verosímil e credível. Parece que o homem estava cansado e suado do trabalho, sim, porque temos que ver que entregar cartas de porta em porta é um trabalho árduo e bastante penoso. Foi uma atitude louvável da parte da minha mulher, deixar o senhor descansar um pouco e despir toda aquela roupa suada. Para além de que queria também experimentar o colchão – parece que a mulher dele gostava de ter um igual! E a roupa toda e os sapatos da minha mulher? Hum…devem estar na lavandaria a limpar, certamente… Bem, mas hoje há uma excelente novidade: não parti nenhum espelho…foi o meu gato preto que o partiu há bocado, tinha acabado de o comprar. Vou apontar aqui na agenda: «comprar outro espelho». E pronto, querido diário, como vês, hoje não se passou nada de especial. Agora vou tomar um banhinho de imersão, acender umas velas e ouvir um sonzinho “chill out” no meu rádio, e descontrair e relaxar, para depois ir para a caminha. Já aqui estou na banheira. Infelizmente estou a tomar banho de água fria – o esquentador avariou-se. Voltamos a falar amanhã, querido diário. Agora estou a reparar, o rádio está mesmo à beirinha da prateleira e quase a cair para dentro da banheira…deve ter sido com as vibrações da música. Será que devo empurrá-lo mais para trás? Também era azar a mais o rádio cair agora na… Sábado, dia 14 de Janeiro de 2013: - Querido diário, infelizmente ontem os meus receios confirmaram-se e o rádio caiu mesmo dentro da banheira. A partir de hoje vou começar a escrever-te aqui do inferno. Era para ter ido para o céu, mas parece que houve uma troca de papeis… Isto até nem é tão mau, ou quente como dizem. Temos umas camaratas e todas as condições – até ar condicionado temos, bem…eu não tenho, o meu avariou-se ainda há pouco. E pronto, hoje vou ficar por aqui… P.S. Hoje é o meu primeiro dia e estou entusiasmadíssimo. Ainda há pouco esteve aqui o diabo e parece que vou ter uma surpresa logo ao jantar. Ele disse que ia ser um barbecue: ele dava a barba e eu dava o resto…não me lembro o quê, mas parece que é algo que rima com barbecue. Moral da História: Vive cada dia como se fosse o último. Um dia vais acertar! - Barbie Vanessa, não vás filha, por favor! Tem pena da tua mãezinha, que é pobrezinha e doentinha. - Barbie Vanessa, por agora! Porque daqui a um ou dois anos já serei a Barbie Modelo, para depois fato de banho e vestido de noite. Barbie era uma verdadeira boneca; corpo escultural, olhos grandes e azuis, face oval e uns ondulados e luzidios cabelos loiros. Era realmente muito bonita. Mas se a nível físico nada havia a apontar-lhe, já a nível psicológico, não era bem assim. Era uma rapariga muito instável, com uma alma vazia, a cabeça oca e personalidade de borracha. - Não sei como tens coragem de abandonar a tua própria mãe…deixares-me aqui sozinha e abandonada, sem mais ninguém, nesta barraca toda podre e cheia de ratazanas. - Mas é por uma boa causa mãe. Não te preocupes, eu sei que vou vingar no mundo da moda. E depois ficarei rica e mais tarde ou mais cedo vou voltar e tirar-te deste chabouco. Depois levo-te para bem longe daqui, mais propriamente para Malibu e então serei a Barbie Malibu. - Mas e o que é que eu faço até lá? – perguntou a mãe inconsolável. – O que será de mim entretanto? - Sei lá. Isso agora pouco me importa. São pormenores – disse com certo desprezo. – Pelo menos, comida não te falta! Vais comendo uma ratazana todos os dias e para não enjoares, vais variando nos acompanhamentos. Uns dias, acompanhas com batatas, outros, com um arrozinho, outros ainda, com massa, ou mesmo até com uma saladinha…vais ver, não tarda nada estou aí outra vez. Sim, Barbie estava decidida a vingar no mundo da moda. Os seus objectivos seriam: primeiro, tirar um curso para modelos; depois, tornar-se numa Top Model reconhecida internacionalmente; viajar e conhecer o mundo; ficar super-hiper-mega rica; ser comida por um jogador de futebol Americano – ou quatro; ter um “affair” com o Cristiano Ronaldo e mais tarde com o Tiger Woods; fazer um fellatio ao presidente dos Estados Unidos da América e cantar-lhe o “happy birthday mr. President”. Mais tarde, abrir uma loja de roupa, tornar-se actriz e casar com um velho milionário, agarrado a uma bilha de oxigénio e a um tubo de soro. Para isso, tinha-se inscrito num curso de modelos que tinha visto na internet. Era um curso famosíssimo e já ia na sua segunda edição, tendo inclusive, sido responsável pela descoberta de actuais grandes modelos da nossa praça, tais como, alguns…”Quem quer ser a Gisele Bünchen?” era o nome do curso que só tinha um senão: era na longínqua China! Mais propriamente na cidade de Thai Nu Ku Xi. Barbie sacou do seu porquinho mealheiro – fruto de uma vida adolescente de muita poupança, em que, tudo o que começou a ganhar muito cedo (tinha quinze anos. Mas apesar de tudo, ela ainda era virgem) no bar de alterne da sua aldeia, Stº António do Pau Grosso, ia para o dito porquinho – e dirigiu-se para o Aeroporto de Lisboa. Depois o avião fez escala na Turquia e por último no Paquistão, antes da derradeira viagem até à China. - Senhores passageiros – ouviu-se no altifalante. – Neste momento estamos nos Himalaias e vamos começar a atravessar o Nepal. O país de Sidarta Gautama…Buda, prós amigos! Poderão ver também o monte Everest e mais à frente o Tibete, reino das Lamas, aquele bicho que parece um camelo… - Não são esses Lamas, pah! – ouviu-se igualmente pelo altifalante. Era o co-piloto que corrigia o seu comandante. – É dos Dalai Lamas pah! O líder religioso… De repente, todos no aparelho foram surpreendidos por um barulho ensurdecedor. Olharam pela janela e repararam aterrorizados numa enorme bola de fogo que deflagrava da turbina na asa esquerda do avião. - Atenção, senhores passageiros, apertem os cintos e preparem-se para uma aterragem de emergência! – berrou o comandante. – Como já devem ter reparado, estamos a arder. Não sei se vamos conseguir ou não sobreviver da aterragem, mas há que ter esperança! Se sobrevivermos, também vos digo, o mais certo é sermos atacados e comidos pelas Lamas…mas repito, há que ter esperança! (…) Barbie abriu os olhos. - Mas onde é que eu estou? – perguntou intrigada. – Mas que prisão é esta? Num canto, no quarto, sentado numa cadeira e embrenhado na escuridão, um homem gordo e careca levantou-se de repente e respondeu-lhe. Tinha umas vestes esquisitas e compridas de cor-de-laranja. - Estás no meu templo – disse. Ela olhou assustada. - Quem és tu? O que é que aconteceu? - Eu sou o Buda e tu foste resgatada por mim de um avião em chamas – explicou. – Caiu aqui perto, na vasta floresta que rodeia este meu lugar sagrado. E eu salvei-te. - Sim, agora estou a lembrar-me…e os outros? - Não faço a mínima ideia. Devem ter morrido. - Só me conseguiu salvar a mim? - Não…só me interessou salvar-te a ti! Que eras toda boazona! - O quê? – disse espantadíssima. – Eu quero sair daqui! Como é que eu saio daqui? - Não sais! Tu estás numa masmorra e a esta parte do templo, só eu tenho acesso. Podes gritar à vontade, que ninguém te vai ouvir. - Desculpe? - Sim, és minha prisioneira. Mas não te preocupes, vou-te alimentar e cuidar de ti e ainda saltar-te prá cueca três vezes ao dia. Pronto, sabes como é que é, um homem tem necessidades e depois estou aqui sozinho há tanto tempo e gajas, nem vê-las! - Não acredito, isto só pode ser um pesadelo! – Barbie estava completamente aterrorizada. – Mas o senhor é o Buda! É um homem santo, sei lá! Jurou abstinência! - Absti quê?! Não, não sei o que isso é. Não, isso deve ser outro Buda, porque este é tarado sexual e quer-te comer! Até vai cheirar a borracha queimada!...literalmente… - Nem penses, não me vais tocar! - Agora já é tarde, minha amiga! Quando estavas inconsciente, já fiz questão de experimentar o material. E confirmou-se, cheiravas mesmo a borracha! - Mas eu era virgem! Seu porco! - Sim, dizes bem…eras! Mas, se te serve de consolo, eu quando me fartar de ti, deixo-te partir. Até vou levar-te ao aeroporto e tudo! - O Ken vem-me salvar, de certeza! - Ken? Isso soa-me a nome de maricas…já te comeu? - Não…não, porque não pode; ele é assexuado. - Maricas, portanto. - Não! O Ken é muito homem...de borracha como eu, mas muito homem! - Lá está...maricas! Mas pronto, não vamos falar mais sobre coisas tristes. Acredito que vais ser muito feliz aqui. Para além de um amante super sexualmente activo, serei teu professor e mestre e ensinar-te-ei todas as minhas filosofias; o meu estilo de vida "Zen" e os segredos da vida... - E qual é o segredo da vida? - Não posso dizer, é segredo! Passaram-se dez anos. Barbie já não era a mesma boneca de corpinho bem feito e torneado e sedosos cabelos loiros. Agora estava gorda, feia, dez anos mais velha (a carreira de modelo era para esquecer) e ainda por cima grávida de cinco meses – era a deixa ideal para o Buda livrar-se dela. O sonho dela tinha-se gorado e agora sozinha, sem dinheiro e com um filho nos braços…restava-lhe apenas voltar para a mãe. E será que a mãe a iria receber de braços abertos, depois de todos estes anos? Iria querer receber em casa uma filha que a tinha abandonado e que agora voltava sem dinheiro e com um filho na barriga? E a sua mãe, ainda estaria viva? E as ratazanas? Buda deu-lhe uns trocos para o avião e ela lá resolveu voltar para Portugal. A prioridade agora, era ter aquele filho, cuidar dele e vê-lo crescer. Iria iniciar uma nova etapa na sua vida – a de ser mãe. A sua progenitora, ao contrário de todas as expectativas, recebeu-a de braças abertos e algo emocionada, até pelo facto de saber que ia ser avó. Todos aqueles anos de clausura e tormento já tinham ficado para trás. Ela simplesmente ignorava aquelas recordações e pensamentos negativos…bem, quase todos, porque alguns…deixavam-lhe, mesmo, um sorriso no rosto. Ela, agora, era uma pessoa diferente e prestes a ser mãe – o bebé, ela já sabia, ia nascer uma menina. Agora iria ser a Barbie Mamã. Os anos passaram-se e a pequena barbie jr. foi crescendo feliz e saudável. E quando atingiu a maioridade, também ela resolveu seguir as pisadas da sua mãe e tentar a sua sorte no mundo artístico. Com o apoio incondicional da mãe, decidiu partir, mas contrário desta que queria ser modelo, Barbie filha, decidiu que queria vingar no mundo circense. Hoje em dia, é uma mulher bastante famosa no mundo do circo e provavelmente todas as pessoas do mundo já ouviram falar dela. Agora já ninguém a conhece por Barbie, tendo adoptado um nome artístico – em homenagem aos seus pais, a Barbie e o Buda – a mulher “Barbuda”. Moral da História: Não faças planos para o futuro. Vive um dia de cada vez. Se os fizeres e eles saírem gorados, não te queixes! Lembra-te da perfeição da mãe natureza e dos passarinhos que nos cagam na cabeça…agora imagina que as vacas tinham asas?! O relacionamento da Susana com o seu namorado já tinha visto melhores dias e há muito que andava tremido. Juntos há pelo menos quatro anos e sempre apaixonados e inseparáveis era incompreensível o que se estava a passar, nas ultimas semanas, nesta relação. Não se pode dizer que a culpa fosse de Susana, pois sempre tinha feito e continuava a fazer os possíveis para que tudo desse certo. Preocupava-se sempre com ele e com as suas necessidades e era muito boa para ele e sempre o tinha sido desde o primeiro dia. Dava-lhe todo o amor que uma mulher pode dar a um homem. Tinha as refeições sempre prontas a horas e sempre as comidas que ele mais gostava. Nunca o descriminava se ele passava muito tempo fora de casa – mesmo que fosse durante uma noite inteira. Enfim, era a mulher perfeita! A verdade é que ele nas últimas semanas tinha começado com uns comportamentos estranhos. Andava muito calado e simplesmente não se ouvia um som da sua boca. «Como é que alguém poderia mudar assim do dia para a noite? Como é que alguém tão bom, simpático, fiel e comunicativo, podia ficar assim; silencioso, frio, imperturbável, cruel, de um momento para o outro?», pensaria ela. Eram incompreensíveis estes constantes agastamentos – entrava em casa mudo e saía calado. Sentava-se ao lado dela e simplesmente não abria a boca, nem para ela olhava, fosse na sala enquanto viam televisão, fosse à mesa enquanto comiam. - Mas o que é que se passa contigo? – insistia Susana. – Porque é que te comportas assim? Comportas-te como se eu não existisse. Mas eu existo! Eu estou aqui e amo-te muito! Nada! Ele mantinha-se impávido e sereno. Olhava para ela sempre calado, fintava-a por momentos, para de seguida, desviar novamente o olhar. E fazia-o vezes sem conta e sempre com muita naturalidade. Não era fácil de perceber, como é que Susana conseguia aguentar tudo isto. Quem é que aguenta ter a seu lado alguém que nos trata com absoluta indiferença e constante desprezo? Será que ela teria sido incorrecta com ele de alguma forma? A culpa seria dela? - Eu compreendo que tu não fales, mas ao menos dá-me um sinal…um sinal qualquer. Algo que me faça acalmar de toda esta ansiedade. Alguma pista para que eu perceba o que te vai na alma – dizia Susana. – O que é que tu queres que eu faça? Um dia, Susana resolveu tomar uma atitude. - Olha, sabes que mais? Já chega! – disse. – Isto não vai passar de hoje. Ela estava decidida a mudar as coisas e não ia ficar parada. Nessa noite, após tomar um banho quente e agradável, vestiu a camisa de noite mais provocante que tinha e desceu as escadas para a sala – a suite deles ficava no primeiro andar, mas à muito que ele preferia o sofá da sala para dormir à noite – ele estava sentado em frente à lareira. Ela foi na direcção dele e contornou-o, ficando os dois mesmo frente a frente. Pôs-lhe as mãos sobre a cabeça e olhou-o bem nos olhos e foi então que reparou. - Mas, os teus olhos!? – disse, percebendo algo de errado. – Tu estás doente, não estás? É isso, não é? Talvez tivesse ali a resposta para todas estas semanas de silêncio e pesadelo. Semanas, em que Susana pensara o pior, pois ninguém fica assim tão indiferente para com a mulher que ama. Ninguém muda assim de um dia para o outro, depois de tantos anos de uma relação absolutamente saudável e cheia de amor, de ternura e principalmente de paixão. Sim, ele só podia estar doente e teria de ser uma doença grave. - Eu não sei que tipo de doença me tens andado a esconder, mas vamos de imediato ao Dr. Gregório – disse. – Não há um minuto a perder. Ele não se opôs e nessa mesma noite, seguiram o caminho do hospital. Chegaram a casa quase de madrugada. Mas agora vinham ambos diferentes; vinham ambos felizes, com um sorriso de orelha a orelha, como se nada se tivesse passado. Mais feliz ainda e radiante, vinha ele, depois de todas as dores que aguentara nestas últimas semanas e sem poder falar e dizer nada. Se há poucas horas, a tristeza imperava naquele lar e no relacionamento dos dois, agora não, a felicidade era predominante. - Quem diria, ãnh? – disse Susana, passando as mãos pelas orelhas dele e afagando-lhe o pêlo. – Quem diria que um bocado de osso entalado na garganta, poderia causar todo este transtorno! Ele abanou o rabo de contente, sentou-se de cócoras e coçou as orelhas. - Vá Bobi, anda para a caminha com a dona. Ele, todo contente, abanou a cauda novamente e ladrou. Agora sim, já conseguia pronunciar-se. - Anda vá! Que há duas semanas que não fazemos amor, seu maroto! Moral da História: Todos diferentes, todos iguais. Aviso: Não pratiques a “bestialidade”. A não ser que tenhas um animal de estimação extremamente bonito e sensual. Escurecia sobre as águas frias do Pacifico, envolvidas por uma noite em si ainda mais fria, conferindo-lhes uma serena calma, numa pacífica ondulação, neste quadro belo e profundo. Podemos, talvez, situar esta história ao largo da costa Norte-Americana, sensivelmente um pouco mais a norte de L.A. e talvez a cem milhas do continente. Não é fácil precisar ao certo o local exacto. Esta é, mais propriamente, a história de dois carapaus e aqui seria imperioso poder caracterizá-los e falar da sua fisionomia, partilhá-la com todos os leitores, mas nem sempre é possível, pelo menos aos olhos e à mera visão de um curioso, designá-los no seu aspecto físico – já psicológico, saibam os senhores leitores, não existe – mas escamas, tinham de certeza. Podemos dizer também e passando-se esta história no interior do mar, serem possuidores de guelras e portanto, ser-lhes possível respirar dentro de água. Devemos, igualmente, referir o facto de que eles não possuíam qualquer indumentária e eram nudistas assumidos, havendo apenas o simples inconveniente – e nem todos podemos ser perfeitos – de não poderem usar qualquer tipo de perfume, visto o cheiro a peixe, ser uma fragrância já entranhada neles. Estaria, portanto, fora de questão, misturarem com o cheiro a peixe um “chanel nº5”, ou mesmo um qualquer Calvin Klein. ( À atenção de todas as Peixeiras deste País!) Ora, como estes saborosos sujeitos não dispõe de cordas vocais e nem qualquer som, conseguem emitir, era-lhes difícil a comunicação entre si e poderem exprimir tudo o que lhes ia na alma – dizerem por exemplo: “Porra, pá! Tou farto de beber água! Agora ia um sumo de “ananol”!” – estava fora de questão. Limitavam-se, então, a passear pelas águas do oceano; ora um dia para ali, ora outro dia para acolá. Num outro dia, para mais além, no outro, para o mesmo sitio e haviam dias até, que iam para os mesmos sítios outra vez…e outra vez. Eram criaturas felizes e sem monotonia nas suas vidas. Bem, vamos chamar a estes dois carapaus de Alfredo e Fernando. Outras três personagens, das quais ainda não falámos, vamos dar-lhes os nomes de Francisco, ao bacalhau; Paula, à sardinha e Rita, à pescadinha. Visto o Francisco ser um mero figurante nesta história, não vamos caracterizá-lo, aliás, vamos saltar igualmente a caracterização da Paula, a sardinha e da Rita, a pescadinha. Melhor ainda, vamos directos para a parte final da história. Deixem-me referir apenas um aparte em relação à sardinha, porque da parte final da história, só fará parte a pescadinha. É que esta sardinha – em particular, já que no mar existem outros milhares de sardinhas –, a Paula, portanto, estava enamorada do Alfredo (a personagem principal desta história), mas este não lhe ligava nenhuma. Tinha-lhe uma enorme aversão, mesmo um ódio de morte e esta perseguia-o incessantemente; se ele ia para ali, ela também ia; se ele ia para além, ela ia para além também; se ele ia para acolá, ela também ia para acolá; ele andava em grupo (perceba-se, cardume), ela infiltrava-se no mesmo. E depois era uma chatice; era vê-la – a espinhosa da sardinha – sempre a chamá-lo e a meter-se com ele: “Éh carapau! Éh carapau!” – o pobre coitado até chegou a pensar no suicídio; nadar a toda a velocidade contra uma rocha; encostar-se a uma medusa, ou mesmo, enfiar-se na boca de um “tubaralho”. Mas agora, o Alfredo tinha ganho outro alento na sua vida: Rita, a pescadinha. Todos os dias ele a via passar e todos os dias ele admirava a sua beleza, e suspirava… «Ai o amor! O amor é louco e não façam pouco deste amor!» (um pequeno aparte do autor) …como o Alfredo amava a Rita! Amava-a e invejava-a. É importante referir que o carapau Alfredo padecia de hemorróidas e como não tinha braços, coçar o rabo, estava fora de questão. E a pescadinha Rita não tinha esses problemas, facilmente coçava o rabo – até era conhecida na zona como “a pescadinha de rabo na boca”. Um dia, Alfredo encheu-se de coragem e pondo a vergonha para trás das costas (perceba-se, barbatanas), decidiu abordar a pescadinha e finalmente declarar-se. Esperou que ela passasse e ao vê-la, decidiu avançar. Ia ele na direcção dela, quando de repente: “Olá! O que é isto aqui? Uma minhoca espetada num anzol?” Moral da História: Nunca deixes para amanhã o que podes fazer hoje. Nota: O conteúdo deste texto pode ferir susceptibilidades. Passavam quinze minutos das oito horas quando o Joãozinho chegou à escola primária. As aulas começavam ás oito e meia e ainda ninguém tinha chegado. Ele era o primeiro. As férias grandes tinham chegado ao fim e começava hoje um novo ano lectivo – no caso do Joãozinho, o quarto ano de escolariedade. Apesar de ele frequentar esta escola há três anos, o nervosismo era o mesmo do primeiro dia de aulas. A sua professora primária – a Dona Joaninha – também ainda não tinha chegado. Era uma senhora de média estatura, quarenta e muitos anos, cabelo curto e usava oculos. Todos os dias chegava à escola com o mesmo ligeiro sorriso no rosto e um indistinto ar de satisfação. O mesmo com que, diariamente, socializava e comunicava com os colegas de trabalho, empregadas da escola e os respectivos encarregados de educação das crianças, dando a entender uma pessoa educada, culta e uma professora preocupada e atenta à educação dos alunos e às suas necessidades. Sim, realmente as crianças tinham uma grande estima pela sua professora – eram uma pequena minoria, é certo, mas ainda haviam alguns. Porque a maioria, era unânime em afirmar que por detrás daquela mascara de simpatia, escondia-se uma tenebrosa e medonha bruxa. Uma preversa monstruosidade com duas pernas. Uma máquina dura, fria e calculista da educação. Este era o principal motivo de procupação e nervosismo do Joãozinho. Apesar de não ser ele o alvo preferido da professora Joaninha Cruella, era vê-lo também ele muitas vezes a sofrer da ira da senhora e de orelhas encarnadas e a arder, qual face corada de um albino em pleno Pólo Norte. «Talvez ela esteja diferente este ano», pensava o Joãozinho. «Talvez venha mais preocupada em ensinar e deixe os chapadões, carolos e puxões de orelha mesmo só para quem se porte mal e não queira aprender». Lá no fundo ele sabia que era uma esperança infundada da sua parte e uma grande ilusão, mas se tinha chegado tão cedo à escola por algum motivo teria sido. Joãozinho estava farto desta situação. Estava farto de ser subjugado, ridicularizado e maltratado pela sua professora. Queria vir para a escola com satisfação no rosto – a mesma que a sua professora trazia todos os dias – e com vontade de aprender, e não com medo de errar, de fazer o mínimo erro que fosse. Portanto, hoje iria ser diferente, ele vinha preparado para que assim fosse. A Dona Joana chegou, eram sensivelmente oito horas e trinta e cinco minutos. Ainda houve uma esperança no ar de ela poder faltar, mas não, lá vinha ela com a sua pastinha irritante a entrar pelo portão e a percipitar-se pelas escadas para o recreio de queixo levantado e ar altivo: «hoje, após umas longas férias, vou voltar a aquecer as mãos nas carinhas larocas desta pequenada!» - devia vir a pensar. Talvez não gostasse de ser professora; talvez não gostasse de crianças; talvez fosse uma frustrada e esta fosse uma forma de descarregar as suas frustrações. Entraram todos para a sala e em silêncio e cada um foi para o seu lugar. A professora seguiu para a sua secretária, poisou a pasta sobre a mesma e dirigiu-se logo de seguida para o quadro. Escreveu a data e preparou-se para começar a aula. - Então meninos essas férias foram boas? – perguntou primeiro. Todos disseram que sim. E sem perder mais tempo, deu inicio à aula. - Ora então, tirem o vosso livro de matemática das mochilas – disse. As pernas do Joãozinho começaram logo a tremer. Era o seu ponto fraco e das poucas coisas que não podia ouvir dentro da sala de aula: “matemática”. Outra também: “o que é isto aqui?” era igualmente assustadora! Se por acaso e obra do destino, ouvisse esta ultima frase, já sabia que “apanhava” logo a seguir. - João anda ao quadro! – ordenou. «Pronto, tou feito!», pensou ele, sentado bem lá no fundo da sala. Levantou-se, meio a medo, pernas um pouco trémulas e seguiu a direcção do quadro. Andou, andou, e a ardósia parecia que se afastava cada vez mais. Os seus passos eram lentos; pareciam carregar em cada perna um enorme sofrimento – três anos de maus tratos. Três anos de agonia e sofrimento, que aguentou sem vacilar, sem soltar uma única lágrima, a cada puxão de orelhas, a cada dois e três estalos seguidos. Tudo nervos e pensamentos negativos que guardou e reprimiu bem lá no fundo da sua alma. O Joãozinho era uma bomba-relolgio pronta a explodir! - João resolve este problema aqui no quadro – exclamou. Ele olhou para o quadro, mas só mesmo na direcção do quadro. O seu pensamento, esse, estava muito longe da resolução daquele problema. Era como se já tivesse dado como certo que não conseguiria saber a resposta e tivesse à espera do castigo da professora. João baixou a cabeça e ficou simplesmente à espera que a professora lhe batesse. - Estou a falar contigo! – insistiu a professora agarrando-o pela orelha. – Não houves?! João fez um enorme esforço para aguentar a dor. Sabia que brevemente outro seria chamado ao quadro e ele regressaria ao seu lugar. A sensação negativa seguinte viria da mão direita da professora, que sem preparação, disfere nele um forte chapadão e um rude golpe na sua – já fraca – auto-estima. - Vai para o teu lugar, rápido! – ordenou a professora. João virou-se e andou três passos na direcção da sua secretaria, mas, de repente parou. «Ela não vai parar. Vai ser mais um ano inteiro desta merda!», pensou ele, que agora debatia-se com os pensamentos mais aterradores e macabros. A professora preparava-se para chamar outro aluno quando reparou nele ali parado no meio da sala. - O que é que estás a fazer? Vai para o teu lugar! – E perante a inércia deste. – És burro? Parou-te o cérebro? Aos poucos, umas tímidas risotas começaram a assomar pela sala. João começou a respirar com mais intensidade, quase a arfar. E de repente dispara: - És uma cabra, é o que és! Não vales nada! - O quê?! – gritou a professora incrédula com o que estava a ouvir. João já não falou, levou a mão ao bolso das calças e sacou de um canivete. Virou-se rapidamente e seguiu em direcção à professora. Esta assustada e praticamente sem reacção dá uns passos para trás, mas ele, determinado, acelera o passo e salta rapidamente sobre ela, derrubando-a e fazendo-a cair para trás, ficando sentado mesmo sobre o seu abdómen Todos os outros alunos começaram logo a gritar e a fugir para fora da sala. Pôs a mão esquerda sobre o pescoço da professora e de canivete empunhado na mão direita, começou num frenético movimento a espetá-la com toda a força que tinha. Primeiro cortou-lhe as mãos todas com fundos golpes, que a indefesa mulher usou para se defender, começando depois então a perfurar-lhe o peito e a barriga. O sangue era imenso e saltava em esguincho para o chão e para os tacos castanho-claros da sala, enquanto ía ensopando a roupa e criando uma vasta poça em redor. Aos poucos, os gritos iniciais da senhora, íam-se silênciando e dando origem a pequenos espasmos e a golfadas de sangue que abundantemente lhe saíam da boca. João não queria parar, pelo menos enquanto não tivesse a certeza de que ela estaria mesmo morta. Tinham passado cinco minutos desde o começo de toda esta carnificina e o João estava agora imóvel, paralisado e silencioso. E ficou ali por breves instantes, a olhar para aquele corpo prostrado e jazido no tabuado. De repente, pareceu voltar a ter reacção. Inclinou-se sobre a professora, tirou-lhe os oculos e com toda a calma levou o canivete ao globo ocular do olho esquerdo. Enfiou a faca por um canto do olho e arrancou-o, ficando este pendurado ao lado da cabeça pelas veias e nervos. O olho direito deixou ficar. Chegou-se um pouco mais para baixo e abriu os botões, primeiro do casaco e da camisa a seguir, deixando exposto todo aquele corpo perfurado e mutilado coberto de sangue. A seguir, espetou a faca na barriga e num rapido impulso fez um enorme corte mesmo sobre o umbigo. Abriu-o com as mãos, deixando à mostra os intestinos, e novamente com ambas as mãos, agarrou-os, começando a puxa-los para fora. João estava completamente demente e fora de si. Levantou-se, soltando gargalhadas estéricas e assustadoras e seguiu a direcção da janela da sala enquanto ia puxando o intestino delgado do cadáver inerte no chão e enrolando-o ao mesmo tempo no seu pescoço. A sala ficava no primeiro andar do edifício e a ideia dele seria certamente atirar-se da janela e enforcar-se com os intestinos da professora. Joãozinho agarrou numa cadeira e colocou-a junto à janela. Abriu de seguida a mesma, subiu para o parapeito, pôs-se de pé e abrindo os braços atirou-se cá para baixo. - Adeus mundo triste e cruel! – ouviu-se da boca do Joãozinho, antes de bater com os cornos no chão. Conclusão: Visto o intestino delgado ter à volta de seis metros e a altura do primeiro andar ser apenas de quatro, os intentos do Joãozinho saíram gorados. Não morreu enforcado, mas ganhou uma perna partida. Os intestinos da professora foram doados à “Sicasal” para fazerem salsichas. Moral da História: Os meios justificam os fins. - Osama? Osama? ‘tás a ouvir? – insistia a mãe. – Osama Big Bang? - ‘Tou aqui mamã, na casa de banho. - E o que é que estas a fazer aí à uma hora? - A fazer a barba mamã... - Não tens vergonha, com cinco anos e já fazes a barba?! Mas já não obteve resposta. O pequeno Osama Big Bang é filho do famosíssimo e já falecido Osama Big Jump – famoso, porque de todos os kamikase do bairro, ele foi o que conseguiu dar o salto mais alto depois de rebentar. Os Bigs são uma família tipicamente Muçulmana – mais propriamente do Irão – e vivem na bela cidade de Alrebentaí. Em toda a cidade, não há família mais famosa do que os Bigs. As suas aventuras estão espalhadas – literalmente – por toda a história, outras pela cidade, outras pelas árvores, outras ainda pelos passeios e valetas, etc. – há até uma história engraçada de um homem, que diz ter encontrado uma unha do dedo do pé do pai do pequeno Osama B. Bang, espetada algures numa melancia à porta de uma mercearia. Da família propriamente dita, só restam mesmo o Pequeno Osama e a mãe. Todos os outros já estão, felizmente, no paraíso, em orgias contínuas com as virgens prometidas – o pai: Osama Big Jump, o irmão mais velho: Osama Big Plane, o do meio: Osama Big Tower, e o mais novo (depois do Bang): Osama Big Shit. - Então Bang, isso demora muito? – Perguntou a mãe – A sopa já está a ficar fria. - ‘Tou a ir mamã – respondeu o pequenote já a caminho da sala de jantar. - Vá filho, senta-te e come a sopa toda, para ficares grande e cresceres forte. Assim quando fores mais velho e quiseres rebentar, vais rebentar melhor e com mais força...e vais poder matar mais gente! - Isto é ciência mamã – explicou Bang –, não tem a ver com o físico. É físico mas, físico-químico e a gravidade faz o resto. A mãe esboçou um sorriso. Como ela se orgulhava da inteligência do seu pequenote. - Tenho a certeza de que ainda vais ser mais famoso do que o teu pai e irmãos! – disse a mãe Madonna. – Tenho um pressentimento de que quando rebentares, vais rebentar como nunca ninguém rebentou antes! - Obrigado mamã. Gosto muito de ti! - Alá será grande; para ti não “Irão” haver setenta e duas virgens, mas umas cem...ou mais! Bang retraíu-se por um bocado e pareceu ficar um pouco distante de todo aquele ambiente efusivo que se tinha criado, e meio pensativo, continuou a comer a sopa. A mãe – Madona Al jazira Tapada – percebeu que algo não estava bem. - O que se passa meu filho? - Sabes mãe... - Diz meu filho! Podes dizer. Podes confiar na mamã! - Bem...é que eu não gosto assim tanto de meninas...sabes, eu...eu sou mais adepto das pilinhas... A mãe vacilou por momentos, mas rapidamente se recompôs. - Ora essa, meu filho! De certeza de que, quando chegares ao céu, também terás lá muitos homens virgens à tua espera! Alá é justo! – disse. – De certeza, filho. E todos nus e com uma grande erecção, só para ti! - Sério mãe! Uau! És a melhor mãe do mundo! (Passaram-se trinta anos.) Osama tinha-se feito um homem. Através do estatuto de que a sua família gozava na região, tinha subido a pulso na hierarquia terrorista e já era um líder inato, chefiando agora um grupo terrorista nos arredores de Alrebentaí. - Chefe Osama! - Diz Zé Tó (um Português naturalizado Iraniano). - Ouvi dizer que tinha aí qualquer coisa p’ra mim. - Deveras – disse Osama. – Olha, toma estes dois quilos de dinamite e vai ali à rua do coreto explodir com uma Sinagoga que lá está! - Uma Sinagoga aqui? No Irão?! – perguntou Zé Tó. - Sim! Foi uma família de judeus que se mudou p’ra cá a semana passada! - Então mas os suicidas não somos nós, chefe? - Épa, segundo o nosso espião no terreno, parece que tiveram uma avaria no G.P.S. ou lá o que foi! Estão aqui, mas pensam que estão algures em Israel. - Então e numa semana não repararam de que algo estava mal? E como é que conseguiram a aprovação para a construção de uma Sinagoga em pleno país muçulmano? - Épa, sei lá! Já chega de perguntas! Por acaso sou eu que estou a escrever a história? Um amigo de Bang tinha um prédio para implodir, mas como saía caro uma implosão, este tinha pedido a ajuda do seu amigo. - Al Brazuca (um Brasileiro de Minas Gerais, que tinha ido de férias para o Irão e acabara por lá ficar, convertendo-se ao Islão), quem é que temos aí para rebentar? - Neste momento ninguém, chefinho. - Que chatice, pá! - Quer qui vá lá eu num estantinho, chefinho? - Não, deixa estar que tu fazes-me falta aqui. Vai antes ali ao centro da cidade, ao gabinete de apoio ao suicida e vê lá se eles têm alguém que ande a pensar em matar-se. Senão, tens também ali perto uma clínica de psicólogos. Chegas lá, à sala de espera e facilmente recrutas alguém. - Dêxa comigo pátrãozinho. - Não te esqueças de lhes prometer o paraíso! Promete-lhes ainda, quatro virgens, uma boneca insuflável e três frangos assados. Bang sentia-se um homem realizado. Encostou-se na cadeira no seu gabinete e deixou-se deslizar ligeiramente para baixo e pondo as mãos sobre a nuca, olhou demoradamente para todas as fotografias espalhadas pela parede; ali estavam expostos todos os inimigos a abater. Examinou um a um e pensou naquele que lhe daria mais prazer matar. E se numa “montra” policial estariam os mais perigosos bandidos, ali, alinhavam-se por ordem de importância, os homens mais influentes no mundo: um Barack Obama; uma Angela Merckl; um Gordon Brown; o Toy e mesmo o Topo Gigio, entre outras ilustres personagens. Estava Osama Big Bang embrenhado nos seus incessantes pensamentos quando, nisto, toca o telefone. - ‘Tou sim? - Está lá, Bang? - É o próprio. - ‘Tá tudo? - ‘Tá tudo o quê? - ‘Tás bom, pá? - Quem fala? – insistiu Bang, já a ficar um pouco irritado. – És tu, kadhafi? (Kadhafi era muito amigo de pregar partidas.) - Não pá, é o Batatinha. Da Batasuna, pá! - Mas, o que é que vocês querem de mim? – perguntou Bang intrigado e cada vez mais irritado. - Épa, é muito simples…o chefe dos Batasuna, o Batatoon, tem em vista um atentado em grande… - Então? - É mais um genocídio. Como nós só explodimos matéria-prima e tentamos poupar os humanos e vocês matam praticamente tudo o que respira, achámos que para uma matança como esta, que estamos a preparar em larga escala, vocês seriam o ideal. - E do que se trata? - Bem, o plano consiste em um gajo levar uma bomba nuclear à cintura, mas uma de menor potência e entrar no estádio da Luz em pleno Benfica-Sporting e explodir com aquela malta toda! Os olhos de Bang arregalaram-se. Ali estava a oportunidade pela qual ele tanto esperara – matar milhares de pessoas de uma só vez e ficar conhecido como o maior Kamikaze de todos os tempos. - Ok, vou lá eu! Pode ser? - Claro que sim, qualquer terrorista morto, é um bom terrorista – disse Batatinha, pondo-se de seguida a fazer palhaçadas do lado de lá da linha. Depois de ser explicado a Bang todos os pormenores da missão, os passos a seguir, o local de encontro, a entrega do material e o dia para a tão desejada matança, ele desligou o telefone e sem dizer nada a ninguém, no maior sigilo, abandonou o seu escritório. Estava à porta o dia mais importante da sua vida e melhor – da família Big. O dia vinte e três de Maio de 2023 fica para a história, como o dia em que Osama Big Bang passou a ficar conhecido por Osama Big da Costa, em homenagem ao presidente, entretanto falecido, do grande rival dos clubes nesta data aniquilados. Deve-se dizer, que esta data não vai ficar registada na história, tal o pouco significado que estas duas identidades desportivas tinham para a sociedade em geral. - Onde é que eu estou? – perguntou assustado Osama Big da Costa. – Então, mas isto parece-me o inferno!? E o paraíso? E os gajos virgens? - Virgens? Quais virgens? – perguntou o Diabo, entretanto chegado. – Então, matas mulheres, matas crianças e ainda queres o paraíso e gajos a estrear só pra ti? Virgem espero que sejas tu do recto! Olha, vai andando para o quarto e põe-te a jeito, que eu já lá vou ter contigo! Primeiro, tenho aqui o teu homónimo, também “da Costa”, mas este é Pinto e está primeiro que tu! Moral da História: Acima de tudo, deve haver “fair-play”. Ao longe, no cimo de um monte rochoso, erguia-se o altaneiro castelo da rainha de copas – a líder do reino do País das Maravilhas. Na sua sala particular, a rainha estava impaciente e andava descontrolada de um lado para o outro – estava naquela altura do mês...mas o problema dela agora era outro: era o dia de consultar o seu espelho mágico, de resto, como fazia todas as segundas-feiras do mês. - Espelho meu, espelho meu, há alguma carta mais alta do que eu? - Porra pá! Outra vez? Mas tu tens Alzheimer - Eu não queria ser chata, mas é que podia ter havido mexidas na tabela durante a semana... - Não…não houve. Já te disse várias vezes, que existem dezasseis cartas maiores do que tu, mas no que respeita à beleza, tu és a mais bela de todos os naipes. A rainha estava deveras contentíssima. Sentou-se no seu trono e mandou chamar o seu mais fiel servo. - Mandou chamar, sua alteza? – perguntou o gato que ri, aparece e desaparece. - Sim, mandei. Manda reunir no salão principal todas as minhas enteadas e diz-lhes que estejam preparadas para a chegada do príncipe. - Do príncipe, sua alteza? - Sim, o príncipe Vesgo, do reino de Olhão. O gato que ri, aparece e desaparece, depois de rir, desapareceu – apareceu depois no quarto de cada uma das princesas a dar a novidade. (truz, truz, truz…pum, traz, paz,catrapuz...TROM!) O príncipe bateu à porta do castelo. (Depois, tinha sido o gato, que caíra pelas escadas abaixo.) O gato que ri, aparece e desaparece, depois de se recompor, abriu a porta ao príncipe. - Príncipe Vesgo. É uma honra. Faça o favor de entrar. - Obrigado, gatinhos. No salão principal, a rainha esperava por ele sentada no seu trono. À sua volta, estavam todas as princesas. - Bem-vindo ao meu reino, Vesgo, príncipe de Olhão – disse a rainha. - Muito obrigado, vossas altezas reais – disse, fazendo a vénia de seguida. - Aqui tem todas as minhas enteadas e como pode reparar, são todas muito belas – e apresentou-as. – Aqui, à minha direita, está a Cinderela; do meu lado esquerdo, está a Bela... - E o Monstro?! – interrompeu o Vesgo, assustado. - Não se preocupe. Estava com raiva e teve que ser abatido – continuou. – Ali, naquela cama, está a Bela Adormecida; aqui por cima, no tapete voador, é a Jasmin; naquele canto, dentro do aquário gigante, temos a Ariel – a pequena sereia; no outro canto, escondida por detrás do jarrão, a Pocahontas e finalmente, aqui ao meu colo, temos a Alice. - Então e qual é o preço? - É o mesmo que para os outros príncipes: cinquenta euros à hora! - Hum…pode ser a Alice então… - A Alice é a única que não pode ser, porque é menor de idade. - Ora bolas! É que não estou a ver mais nenhuma que me agrade. A Pequena sereia até é jeitosa, mas estar a fazer amor com alguém e a cheirar a peixe, não me agrada muito! - Bem...ainda falta outra, que está lá em cima de castigo e trancada no quarto, mas esta iria custar-lhe um pouco mais. Chama-se Branca de Neve. - Quanto? - Cem euros, por ser para si! Mas aviso-o desde já que ela é incorrigível e a mais pudica delas todas! - Não faz mal, eu gosto que elas me dêem luta! A rainha encaminhou o príncipe ao quarto. Quando lá chegou, bateu à porta e como ninguém respondeu, resolveu entrar. Mas da Branca de Neve, nem sinal. A janela estava aberta e ela tinha fugido. A rainha, gritando e esbracejando, mandou chamar os guardas e ordenou-lhes que a procurassem na floresta. Depois de a encontrarem, eles teriam de a matar e trazerem-lhe a cabeça da princesa. A próxima parte já todos conhecemos: a Branca de Neve consegue escapar e fica perdida na floresta. Mais tarde, vai dar à casa dos sete anões e já cansada, adormece na cama deles. Eles chegam a casa e descobrem uma pessoa estranha deitada sobre as suas camas e mandam o Dunga ver de quem se trata. - Vai lá Dunga – ordenou o Mestre. Ele, um pouco a medo e degrau a degrau, lá subiu as escadas. Abriu a porta e espantado, reparou naquele corpo feminino prostrado sobre a sua cama. Os outros, mais espantados ficaram, ao vê-lo entrar no quarto e fechar a porta. Branca de Neve dormia num sono profundo, quando sentiu algo estranho, despertou e assustada reparou que estava ali mais alguém junto de si na cama. Entre as suas pernas brancas e macias, uma cabeça com um enorme barrete, movia-se em brandas oscilações e se ela estava assustada e preparada para gritar, de repente, essa vontade desapareceu, dando lugar aos poucos a outra sensação. Branca, sentia-se agora completamente indefesa e rendida aquele prazer imenso que estava a sentir. O seu silêncio inicial dava lugar, agora, a pequenos gemidos e que aumentavam consoante a performance do pequeno anão entre as suas húmidas coxas. Sim, Branca de Neve estava completamente húmida. De repente, e ao sentir algo entrar dentro de si, ela soltou um sonoro grito – o que despertou a atenção dos outros anões – e como o anão ainda estava com a cabeça entre as suas pernas, ela achou aquilo muito estranho. (O espertalhão do Dunga, sabendo ter um pénis pequeno, mas um nariz de vinte centímetros, não tinha pensado duas vezes!) Com o grito da Branca de Neve e os seus gemidos cada vez mais altos, os outros anões não perderam tempo e subiram as escadas em direcção ao quarto. Completamente admirados e extasiados com aquela visão, eles não se fizeram rogados e colocaram-se logo em fila, esperando, cada um, a sua vez. Nessa tarde, Branca de Neve foi comida durante horas e horas e só parou, quando os anões se acabaram! Acabada a relação e como nenhum deles fumava, ficaram ali um pouco a desfrutar do momento. Depois vestiram-se e desceram para a sala. Depois de se sentarem, deram lugar às apresentações. - Eu sou a Branca de Neve. - Branca de Neve? – perguntaram todos. - Sim, Branca é o meu nome e Neve, porque sou pura. -... Fez-se um silêncio caricato na sala e Feliz resolveu desbloquear a situação. - Agora és a Branca Imunda! -... Mais um grande silêncio sepulcral invadiu a sala. - Atchim! – disse o Atchim. - Continuas a ser pura e formosa – disse o Dengoso. - És é parvo! – resmungou o zangado. - Vamos mas é dormir – aconselhou o Soneca. – Toda a gente sabe que depois de uma boa maratona de sexo, deve-se dormir umas boas horitas para repor energias. Todos adormeceram. Passaram trinta minutos e Branca de Neve acordou – já tinha os anões novamente todos em cima dela. Os meses passaram-se (nesta versão não há bruxas) e certa tarde, enquanto os anões estavam a trabalhar (trabalhavam no novo aeroporto da Ota), Branca de Neve resolveu dar um passeio pela floresta. Enquanto apanhava flores, pensava no quanto era uma rapariga feliz, pois todos os dias fazia sexo com sete homens diferentes e todos ao mesmo tempo! Estava ela nos seus maravilhosos pensamentos, quando vê chegar, montado num enorme cavalo preto, um belo príncipe. Ao vê-la, o príncipe aproximou-se e abordou-a. - Olá, minha jovem. - Olá – disse Branca de Neve. – Mas que belo Cavalo! E o animal também não é mau! Vós, quem sois? - Eu?...chamo-me Sá Leão e sou realizador de filmes pornograficos. - E o que é isso? Depois de ouvir a explicação, ela nem pensou duas vezes; subiu para o cavalo e por entre as arvores, desapareceu para nunca mais voltar. Porque é que ela haveria de ir para a cama com vários homens de borla, se poderia fazê-lo noutro lado e ainda por cima, receber por isso? Moral da Historia: Ama o proximo, mesmo que seja anão, mas não sejas apanhada! "Eu era Branca de Neve, mas escorreguei...e caguei-me toda! |
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