Escurecia sobre as águas frias do Pacifico, envolvidas por uma noite em si ainda mais fria, conferindo-lhes uma serena calma, numa pacífica ondulação, neste quadro belo e profundo.
Podemos, talvez, situar esta história ao largo da costa Norte-Americana, sensivelmente um pouco mais a norte de L.A. e talvez a cem milhas do continente. Não é fácil precisar ao certo o local exacto.
Esta é, mais propriamente, a história de dois carapaus e aqui seria imperioso poder caracterizá-los e falar da sua fisionomia, partilhá-la com todos os leitores, mas nem sempre é possível, pelo menos aos olhos e à mera visão de um curioso, designá-los no seu aspecto físico – já psicológico, saibam os senhores leitores, não existe – mas escamas, tinham de certeza. Podemos dizer também e passando-se esta história no interior do mar, serem possuidores de guelras e portanto, ser-lhes possível respirar dentro de água. Devemos, igualmente, referir o facto de que eles não possuíam qualquer indumentária e eram nudistas assumidos, havendo apenas o simples inconveniente – e nem todos podemos ser perfeitos – de não poderem usar qualquer tipo de perfume, visto o cheiro a peixe, ser uma fragrância já entranhada neles. Estaria, portanto, fora de questão, misturarem com o cheiro a peixe um “chanel nº5”, ou mesmo um qualquer Calvin Klein. ( À atenção de todas as Peixeiras deste País!)
Ora, como estes saborosos sujeitos não dispõe de cordas vocais e nem qualquer som, conseguem emitir, era-lhes difícil a comunicação entre si e poderem exprimir tudo o que lhes ia na alma – dizerem por exemplo: “Porra, pá! Tou farto de beber água! Agora ia um sumo de “ananol”!” – estava fora de questão.
Limitavam-se, então, a passear pelas águas do oceano; ora um dia para ali, ora outro dia para acolá. Num outro dia, para mais além, no outro, para o mesmo sitio e haviam dias até, que iam para os mesmos sítios outra vez…e outra vez. Eram criaturas felizes e sem monotonia nas suas vidas.
Bem, vamos chamar a estes dois carapaus de Alfredo e Fernando. Outras três personagens, das quais ainda não falámos, vamos dar-lhes os nomes de Francisco, ao bacalhau; Paula, à sardinha e Rita, à pescadinha.
Visto o Francisco ser um mero figurante nesta história, não vamos caracterizá-lo, aliás, vamos saltar igualmente a caracterização da Paula, a sardinha e da Rita, a pescadinha. Melhor ainda, vamos directos para a parte final da história. Deixem-me referir apenas um aparte em relação à sardinha, porque da parte final da história, só fará parte a pescadinha. É que esta sardinha – em particular, já que no mar existem outros milhares de sardinhas –, a Paula, portanto, estava enamorada do Alfredo (a personagem principal desta história), mas este não lhe ligava nenhuma. Tinha-lhe uma enorme aversão, mesmo um ódio de morte e esta perseguia-o incessantemente; se ele ia para ali, ela também ia; se ele ia para além, ela ia para além também; se ele ia para acolá, ela também ia para acolá; ele andava em grupo (perceba-se, cardume), ela infiltrava-se no mesmo. E depois era uma chatice; era vê-la – a espinhosa da sardinha – sempre a chamá-lo e a meter-se com ele: “Éh carapau! Éh carapau!” – o pobre coitado até chegou a pensar no suicídio; nadar a toda a velocidade contra uma rocha; encostar-se a uma medusa, ou mesmo, enfiar-se na boca de um “tubaralho”.
Mas agora, o Alfredo tinha ganho outro alento na sua vida: Rita, a pescadinha.
Todos os dias ele a via passar e todos os dias ele admirava a sua beleza, e suspirava…
«Ai o amor! O amor é louco e não façam pouco deste amor!» (um pequeno aparte do autor)
…como o Alfredo amava a Rita! Amava-a e invejava-a. É importante referir que o carapau Alfredo padecia de hemorróidas e como não tinha braços, coçar o rabo, estava fora de questão. E a pescadinha Rita não tinha esses problemas, facilmente coçava o rabo – até era conhecida na zona como “a pescadinha de rabo na boca”.
Um dia, Alfredo encheu-se de coragem e pondo a vergonha para trás das costas (perceba-se, barbatanas), decidiu abordar a pescadinha e finalmente declarar-se. Esperou que ela passasse e ao vê-la, decidiu avançar.
Ia ele na direcção dela, quando de repente: “Olá! O que é isto aqui? Uma minhoca espetada num anzol?”
Moral da História: Nunca deixes para amanhã o que podes fazer hoje.
Podemos, talvez, situar esta história ao largo da costa Norte-Americana, sensivelmente um pouco mais a norte de L.A. e talvez a cem milhas do continente. Não é fácil precisar ao certo o local exacto.
Esta é, mais propriamente, a história de dois carapaus e aqui seria imperioso poder caracterizá-los e falar da sua fisionomia, partilhá-la com todos os leitores, mas nem sempre é possível, pelo menos aos olhos e à mera visão de um curioso, designá-los no seu aspecto físico – já psicológico, saibam os senhores leitores, não existe – mas escamas, tinham de certeza. Podemos dizer também e passando-se esta história no interior do mar, serem possuidores de guelras e portanto, ser-lhes possível respirar dentro de água. Devemos, igualmente, referir o facto de que eles não possuíam qualquer indumentária e eram nudistas assumidos, havendo apenas o simples inconveniente – e nem todos podemos ser perfeitos – de não poderem usar qualquer tipo de perfume, visto o cheiro a peixe, ser uma fragrância já entranhada neles. Estaria, portanto, fora de questão, misturarem com o cheiro a peixe um “chanel nº5”, ou mesmo um qualquer Calvin Klein. ( À atenção de todas as Peixeiras deste País!)
Ora, como estes saborosos sujeitos não dispõe de cordas vocais e nem qualquer som, conseguem emitir, era-lhes difícil a comunicação entre si e poderem exprimir tudo o que lhes ia na alma – dizerem por exemplo: “Porra, pá! Tou farto de beber água! Agora ia um sumo de “ananol”!” – estava fora de questão.
Limitavam-se, então, a passear pelas águas do oceano; ora um dia para ali, ora outro dia para acolá. Num outro dia, para mais além, no outro, para o mesmo sitio e haviam dias até, que iam para os mesmos sítios outra vez…e outra vez. Eram criaturas felizes e sem monotonia nas suas vidas.
Bem, vamos chamar a estes dois carapaus de Alfredo e Fernando. Outras três personagens, das quais ainda não falámos, vamos dar-lhes os nomes de Francisco, ao bacalhau; Paula, à sardinha e Rita, à pescadinha.
Visto o Francisco ser um mero figurante nesta história, não vamos caracterizá-lo, aliás, vamos saltar igualmente a caracterização da Paula, a sardinha e da Rita, a pescadinha. Melhor ainda, vamos directos para a parte final da história. Deixem-me referir apenas um aparte em relação à sardinha, porque da parte final da história, só fará parte a pescadinha. É que esta sardinha – em particular, já que no mar existem outros milhares de sardinhas –, a Paula, portanto, estava enamorada do Alfredo (a personagem principal desta história), mas este não lhe ligava nenhuma. Tinha-lhe uma enorme aversão, mesmo um ódio de morte e esta perseguia-o incessantemente; se ele ia para ali, ela também ia; se ele ia para além, ela ia para além também; se ele ia para acolá, ela também ia para acolá; ele andava em grupo (perceba-se, cardume), ela infiltrava-se no mesmo. E depois era uma chatice; era vê-la – a espinhosa da sardinha – sempre a chamá-lo e a meter-se com ele: “Éh carapau! Éh carapau!” – o pobre coitado até chegou a pensar no suicídio; nadar a toda a velocidade contra uma rocha; encostar-se a uma medusa, ou mesmo, enfiar-se na boca de um “tubaralho”.
Mas agora, o Alfredo tinha ganho outro alento na sua vida: Rita, a pescadinha.
Todos os dias ele a via passar e todos os dias ele admirava a sua beleza, e suspirava…
«Ai o amor! O amor é louco e não façam pouco deste amor!» (um pequeno aparte do autor)
…como o Alfredo amava a Rita! Amava-a e invejava-a. É importante referir que o carapau Alfredo padecia de hemorróidas e como não tinha braços, coçar o rabo, estava fora de questão. E a pescadinha Rita não tinha esses problemas, facilmente coçava o rabo – até era conhecida na zona como “a pescadinha de rabo na boca”.
Um dia, Alfredo encheu-se de coragem e pondo a vergonha para trás das costas (perceba-se, barbatanas), decidiu abordar a pescadinha e finalmente declarar-se. Esperou que ela passasse e ao vê-la, decidiu avançar.
Ia ele na direcção dela, quando de repente: “Olá! O que é isto aqui? Uma minhoca espetada num anzol?”
Moral da História: Nunca deixes para amanhã o que podes fazer hoje.