Reciclado Poupança Obtuso é, e como o próprio nome também o indica, um fervoroso adepto do ambiente. Tudo o que pudesse fazer para melhorar o planeta, ele fazia. Tinha atenção à separação das embalagens, ao economizar das energias, aos gases prejudiciais à atmosfera, ao desperdício de água, lixo para o chão, etc.
Esta era já a sua segunda casa, visto que a primeira, tinha ardido devido a uma vela que tinha deixado acesa por esquecimento. Sim, Reciclado raramente gastava energia em casa. Era tudo à luz de velas. Tirando alguns electrodomésticos necessários, o resto, era só poupar. Até a televisão raramente acendia, a não ser para ver o documentário “Uma Verdade Inconveniente” do senhor Al Gore – o seu ídolo – ou então o Noddy. Como ele gostava do Noddy! E do Ruca também!
A pequena aldeia onde vivia chamava-se Bufárda, mas ele era natural de outra não muito longe dali – Chão de Sapo. A sua namorada é que morava um pouco mais longe, em Abuchana.
Depois de visionar mais uma vez o tal documentário, limpou as lágrimas à manga da camisa, para poder poupar no papel, e soltou um gás (só o fazia dentro de casa, nunca na rua, pois recusava-se a mandar gases para a camada do ozono). Naquele dia, Reciclado estava com umas ligeiras cólicas e ia ser complicado andar na rua.
Depois de despejar o lixo e com a respectiva separação das embalagens, entrou no seu carro híbrido e seguiu direito à Abuchana. Primeiro, iria almoçar no restaurante do costume, e depois, à farmácia comprar preservativos, entre outras coisas, já que iria estar mais tarde com a sua namorada Capitulina. Pelo caminho e visto estar dentro da viatura, aproveitou para soltar mais uns gases, mas sempre com os vidros bem fechados.
Chegou à Abuchana, passavam treze minutos da uma da tarde. Parou o carro à porta do restaurante e antes de entrar, deu-lhe vontade de soltar mais um gás, mas num rápido reflexo, apertou as nádegas e conseguiu sufocar o desgraçado.
Entrou no restaurante.
- Então sr. Reciclado. Há muito tempo que não o via por aqui!
- É verdade...
- Então, o que vai ser hoje? Como pratos do dia, temos: umas apetitosas pescadinhas de rabo na boca, umas deliciosas punhetas de bacalhau e ainda, tripas à moda do Porto.
- Hum...a escolha é difícil! Olha, pode ser um bitoque se faz favor.
O empregado assentiu e dirigiu-se à cozinha. Voltou depois, já com a comida.
- Então e o guardanapo? Limpo a boca a quê, à toalha?
- Peço-lhe imensa desculpa, mas normalmente o senhor não quer guardanapos. Para não ter de desperdiçar papel!
- Mas isso é quando trago camisas escuras homem! Não vê que hoje tenho uma camisa branca? Não quer que ande p’raí na rua com as mangas da camisa cheias de nódoas, pois não?
- Sim, tem razão. Peço-lhe desculpa novamente. Vou já buscar.
Foi à cozinha e voltou com os guardanapos.
- O senhor é uma pessoa toda ecológica, não é verdade? Até tem um carro Híbrido e tudo!
- Sim, realmente. Obrigado por ter reparado.
- E os desodorizantes? Como é que faz com os gases por exemplo? Como é que sabe quais são os bons e os maus?
- Não, não uso disso. Aliás, já deve ter reparado, com certeza, no cheiro a catinga que me precede! Há que poupar, sabe?!
- E a sua namorada? – perguntou intrigado.
- A minha Capitulina? Não se importa. Ela é igual!
-...
- Não acha é muita piada a estas moscas, sempre aqui em redor da minha cabeça a toda a hora.
- Vou já buscar o mata-moscas!
- Não faça isso, amigo! Estas já me acompanham á algum tempo. Já somos amigos e tudo! Até à noite dormem comigo.
-...
- Como são quatro, dorme uma em cada buraco; a Clotilde mais a Fernanda, dormem nas narinas e a Brigite e a Perpétua, ficam nos ouvidos. E foi precisamente por causa destas gajas, que a minha primeira casa ardeu. Quando dei pelo barulho das chamas e pelo cheiro do fumo, já era tarde. Só há um inconveniente...
- Então? – perguntou o empregado, já com um ar completamente enojado.
- Farto-me de apanhar doenças e passo a vida no caminho da farmácia. Olhe! Quando sair daqui e antes de ir ter com a minha Capitulina, é para lá que vou!
- Pois...
Depois de terminar o almoço e pagar, saiu dali e seguiu a direcção da farmácia – ficava do outro lado da rua. Antes de entrar, matou mais um gás, que já estava à porta e se preparava para sair. De seguida, entrou e esperou pela sua vez.
- A seguir...
- Sou eu – disse ele.
- Diga.
- Olhe, eu queria...
- Desculpe, mas vai ter de falar mais alto – interrompeu o farmacêutico –, é que eu sou um pouco surdo sabe?
- Então, para começar, é uma embalagem de preservativos – berrou ele –, uma pomada para o mau cheiro dos pés – entretanto, já tinham entrado mais pessoas na farmácia –, quero também, uma vaselina, ainda, uma pomada para a comichão da vagina, que a minha Capitulina tem andado desenfreada. Quero outra do mesmo género, mas para mim. E tem alguma coisa para os chatos? É que tem sido aqui uma coçadeira, que nem imagina!
Depois de pagar e já na rua, preparava-se para seguir para o carro, quando sentiu mais um gás a querer sair. Mas desta vez, sentia até um certo desconforto na sua parte abdominal. Parece que, um putrefacto, sórdido, incolor, nefasto, fétido peido, se preparava para explodir e sem lhe dar qualquer hipótese de reacção. Reciclado não perdeu tempo: dobrou-se, enfiou a cabeça entre as pernas e com o nariz bem junto ao rabo, inalou num rápido impulso e com fervor, todo aquele gás maligno acabadinho de sair.
Nesse dia, Reciclado, não pôde dar uma pinocada na Capitulina. Foi internado nos cuidados intensivos com falta de ar e com excesso de enxofre nas vias respiratórias.
Conclusão: Esta história já começava a cheirar mal.
Moral da Historia: Protejam o ambiente
Esta era já a sua segunda casa, visto que a primeira, tinha ardido devido a uma vela que tinha deixado acesa por esquecimento. Sim, Reciclado raramente gastava energia em casa. Era tudo à luz de velas. Tirando alguns electrodomésticos necessários, o resto, era só poupar. Até a televisão raramente acendia, a não ser para ver o documentário “Uma Verdade Inconveniente” do senhor Al Gore – o seu ídolo – ou então o Noddy. Como ele gostava do Noddy! E do Ruca também!
A pequena aldeia onde vivia chamava-se Bufárda, mas ele era natural de outra não muito longe dali – Chão de Sapo. A sua namorada é que morava um pouco mais longe, em Abuchana.
Depois de visionar mais uma vez o tal documentário, limpou as lágrimas à manga da camisa, para poder poupar no papel, e soltou um gás (só o fazia dentro de casa, nunca na rua, pois recusava-se a mandar gases para a camada do ozono). Naquele dia, Reciclado estava com umas ligeiras cólicas e ia ser complicado andar na rua.
Depois de despejar o lixo e com a respectiva separação das embalagens, entrou no seu carro híbrido e seguiu direito à Abuchana. Primeiro, iria almoçar no restaurante do costume, e depois, à farmácia comprar preservativos, entre outras coisas, já que iria estar mais tarde com a sua namorada Capitulina. Pelo caminho e visto estar dentro da viatura, aproveitou para soltar mais uns gases, mas sempre com os vidros bem fechados.
Chegou à Abuchana, passavam treze minutos da uma da tarde. Parou o carro à porta do restaurante e antes de entrar, deu-lhe vontade de soltar mais um gás, mas num rápido reflexo, apertou as nádegas e conseguiu sufocar o desgraçado.
Entrou no restaurante.
- Então sr. Reciclado. Há muito tempo que não o via por aqui!
- É verdade...
- Então, o que vai ser hoje? Como pratos do dia, temos: umas apetitosas pescadinhas de rabo na boca, umas deliciosas punhetas de bacalhau e ainda, tripas à moda do Porto.
- Hum...a escolha é difícil! Olha, pode ser um bitoque se faz favor.
O empregado assentiu e dirigiu-se à cozinha. Voltou depois, já com a comida.
- Então e o guardanapo? Limpo a boca a quê, à toalha?
- Peço-lhe imensa desculpa, mas normalmente o senhor não quer guardanapos. Para não ter de desperdiçar papel!
- Mas isso é quando trago camisas escuras homem! Não vê que hoje tenho uma camisa branca? Não quer que ande p’raí na rua com as mangas da camisa cheias de nódoas, pois não?
- Sim, tem razão. Peço-lhe desculpa novamente. Vou já buscar.
Foi à cozinha e voltou com os guardanapos.
- O senhor é uma pessoa toda ecológica, não é verdade? Até tem um carro Híbrido e tudo!
- Sim, realmente. Obrigado por ter reparado.
- E os desodorizantes? Como é que faz com os gases por exemplo? Como é que sabe quais são os bons e os maus?
- Não, não uso disso. Aliás, já deve ter reparado, com certeza, no cheiro a catinga que me precede! Há que poupar, sabe?!
- E a sua namorada? – perguntou intrigado.
- A minha Capitulina? Não se importa. Ela é igual!
-...
- Não acha é muita piada a estas moscas, sempre aqui em redor da minha cabeça a toda a hora.
- Vou já buscar o mata-moscas!
- Não faça isso, amigo! Estas já me acompanham á algum tempo. Já somos amigos e tudo! Até à noite dormem comigo.
-...
- Como são quatro, dorme uma em cada buraco; a Clotilde mais a Fernanda, dormem nas narinas e a Brigite e a Perpétua, ficam nos ouvidos. E foi precisamente por causa destas gajas, que a minha primeira casa ardeu. Quando dei pelo barulho das chamas e pelo cheiro do fumo, já era tarde. Só há um inconveniente...
- Então? – perguntou o empregado, já com um ar completamente enojado.
- Farto-me de apanhar doenças e passo a vida no caminho da farmácia. Olhe! Quando sair daqui e antes de ir ter com a minha Capitulina, é para lá que vou!
- Pois...
Depois de terminar o almoço e pagar, saiu dali e seguiu a direcção da farmácia – ficava do outro lado da rua. Antes de entrar, matou mais um gás, que já estava à porta e se preparava para sair. De seguida, entrou e esperou pela sua vez.
- A seguir...
- Sou eu – disse ele.
- Diga.
- Olhe, eu queria...
- Desculpe, mas vai ter de falar mais alto – interrompeu o farmacêutico –, é que eu sou um pouco surdo sabe?
- Então, para começar, é uma embalagem de preservativos – berrou ele –, uma pomada para o mau cheiro dos pés – entretanto, já tinham entrado mais pessoas na farmácia –, quero também, uma vaselina, ainda, uma pomada para a comichão da vagina, que a minha Capitulina tem andado desenfreada. Quero outra do mesmo género, mas para mim. E tem alguma coisa para os chatos? É que tem sido aqui uma coçadeira, que nem imagina!
Depois de pagar e já na rua, preparava-se para seguir para o carro, quando sentiu mais um gás a querer sair. Mas desta vez, sentia até um certo desconforto na sua parte abdominal. Parece que, um putrefacto, sórdido, incolor, nefasto, fétido peido, se preparava para explodir e sem lhe dar qualquer hipótese de reacção. Reciclado não perdeu tempo: dobrou-se, enfiou a cabeça entre as pernas e com o nariz bem junto ao rabo, inalou num rápido impulso e com fervor, todo aquele gás maligno acabadinho de sair.
Nesse dia, Reciclado, não pôde dar uma pinocada na Capitulina. Foi internado nos cuidados intensivos com falta de ar e com excesso de enxofre nas vias respiratórias.
Conclusão: Esta história já começava a cheirar mal.
Moral da Historia: Protejam o ambiente