Nota: O conteúdo deste texto pode ferir susceptibilidades.
Passavam quinze minutos das oito horas quando o Joãozinho chegou à escola primária. As aulas começavam ás oito e meia e ainda ninguém tinha chegado. Ele era o primeiro.
As férias grandes tinham chegado ao fim e começava hoje um novo ano lectivo – no caso do Joãozinho, o quarto ano de escolariedade. Apesar de ele frequentar esta escola há três anos, o nervosismo era o mesmo do primeiro dia de aulas. A sua professora primária – a Dona Joaninha – também ainda não tinha chegado. Era uma senhora de média estatura, quarenta e muitos anos, cabelo curto e usava oculos. Todos os dias chegava à escola com o mesmo ligeiro sorriso no rosto e um indistinto ar de satisfação. O mesmo com que, diariamente, socializava e comunicava com os colegas de trabalho, empregadas da escola e os respectivos encarregados de educação das crianças, dando a entender uma pessoa educada, culta e uma professora preocupada e atenta à educação dos alunos e às suas necessidades. Sim, realmente as crianças tinham uma grande estima pela sua professora – eram uma pequena minoria, é certo, mas ainda haviam alguns. Porque a maioria, era unânime em afirmar que por detrás daquela mascara de simpatia, escondia-se uma tenebrosa e medonha bruxa. Uma preversa monstruosidade com duas pernas. Uma máquina dura, fria e calculista da educação.
Este era o principal motivo de procupação e nervosismo do Joãozinho. Apesar de não ser ele o alvo preferido da professora Joaninha Cruella, era vê-lo também ele muitas vezes a sofrer da ira da senhora e de orelhas encarnadas e a arder, qual face corada de um albino em pleno Pólo Norte.
«Talvez ela esteja diferente este ano», pensava o Joãozinho. «Talvez venha mais preocupada em ensinar e deixe os chapadões, carolos e puxões de orelha mesmo só para quem se porte mal e não queira aprender». Lá no fundo ele sabia que era uma esperança infundada da sua parte e uma grande ilusão, mas se tinha chegado tão cedo à escola por algum motivo teria sido. Joãozinho estava farto desta situação. Estava farto de ser subjugado, ridicularizado e maltratado pela sua professora. Queria vir para a escola com satisfação no rosto – a mesma que a sua professora trazia todos os dias – e com vontade de aprender, e não com medo de errar, de fazer o mínimo erro que fosse. Portanto, hoje iria ser diferente, ele vinha preparado para que assim fosse.
A Dona Joana chegou, eram sensivelmente oito horas e trinta e cinco minutos. Ainda houve uma esperança no ar de ela poder faltar, mas não, lá vinha ela com a sua pastinha irritante a entrar pelo portão e a percipitar-se pelas escadas para o recreio de queixo levantado e ar altivo: «hoje, após umas longas férias, vou voltar a aquecer as mãos nas carinhas larocas desta pequenada!» - devia vir a pensar. Talvez não gostasse de ser professora; talvez não gostasse de crianças; talvez fosse uma frustrada e esta fosse uma forma de descarregar as suas frustrações.
Entraram todos para a sala e em silêncio e cada um foi para o seu lugar. A professora seguiu para a sua secretária, poisou a pasta sobre a mesma e dirigiu-se logo de seguida para o quadro. Escreveu a data e preparou-se para começar a aula.
- Então meninos essas férias foram boas? – perguntou primeiro.
Todos disseram que sim. E sem perder mais tempo, deu inicio à aula.
- Ora então, tirem o vosso livro de matemática das mochilas – disse.
As pernas do Joãozinho começaram logo a tremer. Era o seu ponto fraco e das poucas coisas que não podia ouvir dentro da sala de aula: “matemática”. Outra também: “o que é isto aqui?” era igualmente assustadora! Se por acaso e obra do destino, ouvisse esta ultima frase, já sabia que “apanhava” logo a seguir.
- João anda ao quadro! – ordenou.
«Pronto, tou feito!», pensou ele, sentado bem lá no fundo da sala.
Levantou-se, meio a medo, pernas um pouco trémulas e seguiu a direcção do quadro. Andou, andou, e a ardósia parecia que se afastava cada vez mais. Os seus passos eram lentos; pareciam carregar em cada perna um enorme sofrimento – três anos de maus tratos. Três anos de agonia e sofrimento, que aguentou sem vacilar, sem soltar uma única lágrima, a cada puxão de orelhas, a cada dois e três estalos seguidos. Tudo nervos e pensamentos negativos que guardou e reprimiu bem lá no fundo da sua alma. O Joãozinho era uma bomba-relolgio pronta a explodir!
- João resolve este problema aqui no quadro – exclamou.
Ele olhou para o quadro, mas só mesmo na direcção do quadro. O seu pensamento, esse, estava muito longe da resolução daquele problema. Era como se já tivesse dado como certo que não conseguiria saber a resposta e tivesse à espera do castigo da professora.
João baixou a cabeça e ficou simplesmente à espera que a professora lhe batesse.
- Estou a falar contigo! – insistiu a professora agarrando-o pela orelha. – Não houves?!
João fez um enorme esforço para aguentar a dor. Sabia que brevemente outro seria chamado ao quadro e ele regressaria ao seu lugar.
A sensação negativa seguinte viria da mão direita da professora, que sem preparação, disfere nele um forte chapadão e um rude golpe na sua – já fraca – auto-estima.
- Vai para o teu lugar, rápido! – ordenou a professora.
João virou-se e andou três passos na direcção da sua secretaria, mas, de repente parou.
«Ela não vai parar. Vai ser mais um ano inteiro desta merda!», pensou ele, que agora debatia-se com os pensamentos mais aterradores e macabros.
A professora preparava-se para chamar outro aluno quando reparou nele ali parado no meio da sala.
- O que é que estás a fazer? Vai para o teu lugar! – E perante a inércia deste. – És burro? Parou-te o cérebro?
Aos poucos, umas tímidas risotas começaram a assomar pela sala.
João começou a respirar com mais intensidade, quase a arfar. E de repente dispara:
- És uma cabra, é o que és! Não vales nada!
- O quê?! – gritou a professora incrédula com o que estava a ouvir.
João já não falou, levou a mão ao bolso das calças e sacou de um canivete. Virou-se rapidamente e seguiu em direcção à professora. Esta assustada e praticamente sem reacção dá uns passos para trás, mas ele, determinado, acelera o passo e salta rapidamente sobre ela, derrubando-a e fazendo-a cair para trás, ficando sentado mesmo sobre o seu abdómen
Todos os outros alunos começaram logo a gritar e a fugir para fora da sala.
Pôs a mão esquerda sobre o pescoço da professora e de canivete empunhado na mão direita, começou num frenético movimento a espetá-la com toda a força que tinha. Primeiro cortou-lhe as mãos todas com fundos golpes, que a indefesa mulher usou para se defender, começando depois então a perfurar-lhe o peito e a barriga. O sangue era imenso e saltava em esguincho para o chão e para os tacos castanho-claros da sala, enquanto ía ensopando a roupa e criando uma vasta poça em redor. Aos poucos, os gritos iniciais da senhora, íam-se silênciando e dando origem a pequenos espasmos e a golfadas de sangue que abundantemente lhe saíam da boca. João não queria parar, pelo menos enquanto não tivesse a certeza de que ela estaria mesmo morta.
Tinham passado cinco minutos desde o começo de toda esta carnificina e o João estava agora imóvel, paralisado e silencioso. E ficou ali por breves instantes, a olhar para aquele corpo prostrado e jazido no tabuado.
De repente, pareceu voltar a ter reacção. Inclinou-se sobre a professora, tirou-lhe os oculos e com toda a calma levou o canivete ao globo ocular do olho esquerdo. Enfiou a faca por um canto do olho e arrancou-o, ficando este pendurado ao lado da cabeça pelas veias e nervos. O olho direito deixou ficar. Chegou-se um pouco mais para baixo e abriu os botões, primeiro do casaco e da camisa a seguir, deixando exposto todo aquele corpo perfurado e mutilado coberto de sangue. A seguir, espetou a faca na barriga e num rapido impulso fez um enorme corte mesmo sobre o umbigo. Abriu-o com as mãos, deixando à mostra os intestinos, e novamente com ambas as mãos, agarrou-os, começando a puxa-los para fora.
João estava completamente demente e fora de si. Levantou-se, soltando gargalhadas estéricas e assustadoras e seguiu a direcção da janela da sala enquanto ia puxando o intestino delgado do cadáver inerte no chão e enrolando-o ao mesmo tempo no seu pescoço.
A sala ficava no primeiro andar do edifício e a ideia dele seria certamente atirar-se da janela e enforcar-se com os intestinos da professora.
Joãozinho agarrou numa cadeira e colocou-a junto à janela. Abriu de seguida a mesma, subiu para o parapeito, pôs-se de pé e abrindo os braços atirou-se cá para baixo.
- Adeus mundo triste e cruel! – ouviu-se da boca do Joãozinho, antes de bater com os cornos no chão.
Conclusão: Visto o intestino delgado ter à volta de seis metros e a altura do primeiro andar ser apenas de quatro, os intentos do Joãozinho saíram gorados. Não morreu enforcado, mas ganhou uma perna partida. Os intestinos da professora foram doados à “Sicasal” para fazerem salsichas.
Moral da História: Os meios justificam os fins.
Passavam quinze minutos das oito horas quando o Joãozinho chegou à escola primária. As aulas começavam ás oito e meia e ainda ninguém tinha chegado. Ele era o primeiro.
As férias grandes tinham chegado ao fim e começava hoje um novo ano lectivo – no caso do Joãozinho, o quarto ano de escolariedade. Apesar de ele frequentar esta escola há três anos, o nervosismo era o mesmo do primeiro dia de aulas. A sua professora primária – a Dona Joaninha – também ainda não tinha chegado. Era uma senhora de média estatura, quarenta e muitos anos, cabelo curto e usava oculos. Todos os dias chegava à escola com o mesmo ligeiro sorriso no rosto e um indistinto ar de satisfação. O mesmo com que, diariamente, socializava e comunicava com os colegas de trabalho, empregadas da escola e os respectivos encarregados de educação das crianças, dando a entender uma pessoa educada, culta e uma professora preocupada e atenta à educação dos alunos e às suas necessidades. Sim, realmente as crianças tinham uma grande estima pela sua professora – eram uma pequena minoria, é certo, mas ainda haviam alguns. Porque a maioria, era unânime em afirmar que por detrás daquela mascara de simpatia, escondia-se uma tenebrosa e medonha bruxa. Uma preversa monstruosidade com duas pernas. Uma máquina dura, fria e calculista da educação.
Este era o principal motivo de procupação e nervosismo do Joãozinho. Apesar de não ser ele o alvo preferido da professora Joaninha Cruella, era vê-lo também ele muitas vezes a sofrer da ira da senhora e de orelhas encarnadas e a arder, qual face corada de um albino em pleno Pólo Norte.
«Talvez ela esteja diferente este ano», pensava o Joãozinho. «Talvez venha mais preocupada em ensinar e deixe os chapadões, carolos e puxões de orelha mesmo só para quem se porte mal e não queira aprender». Lá no fundo ele sabia que era uma esperança infundada da sua parte e uma grande ilusão, mas se tinha chegado tão cedo à escola por algum motivo teria sido. Joãozinho estava farto desta situação. Estava farto de ser subjugado, ridicularizado e maltratado pela sua professora. Queria vir para a escola com satisfação no rosto – a mesma que a sua professora trazia todos os dias – e com vontade de aprender, e não com medo de errar, de fazer o mínimo erro que fosse. Portanto, hoje iria ser diferente, ele vinha preparado para que assim fosse.
A Dona Joana chegou, eram sensivelmente oito horas e trinta e cinco minutos. Ainda houve uma esperança no ar de ela poder faltar, mas não, lá vinha ela com a sua pastinha irritante a entrar pelo portão e a percipitar-se pelas escadas para o recreio de queixo levantado e ar altivo: «hoje, após umas longas férias, vou voltar a aquecer as mãos nas carinhas larocas desta pequenada!» - devia vir a pensar. Talvez não gostasse de ser professora; talvez não gostasse de crianças; talvez fosse uma frustrada e esta fosse uma forma de descarregar as suas frustrações.
Entraram todos para a sala e em silêncio e cada um foi para o seu lugar. A professora seguiu para a sua secretária, poisou a pasta sobre a mesma e dirigiu-se logo de seguida para o quadro. Escreveu a data e preparou-se para começar a aula.
- Então meninos essas férias foram boas? – perguntou primeiro.
Todos disseram que sim. E sem perder mais tempo, deu inicio à aula.
- Ora então, tirem o vosso livro de matemática das mochilas – disse.
As pernas do Joãozinho começaram logo a tremer. Era o seu ponto fraco e das poucas coisas que não podia ouvir dentro da sala de aula: “matemática”. Outra também: “o que é isto aqui?” era igualmente assustadora! Se por acaso e obra do destino, ouvisse esta ultima frase, já sabia que “apanhava” logo a seguir.
- João anda ao quadro! – ordenou.
«Pronto, tou feito!», pensou ele, sentado bem lá no fundo da sala.
Levantou-se, meio a medo, pernas um pouco trémulas e seguiu a direcção do quadro. Andou, andou, e a ardósia parecia que se afastava cada vez mais. Os seus passos eram lentos; pareciam carregar em cada perna um enorme sofrimento – três anos de maus tratos. Três anos de agonia e sofrimento, que aguentou sem vacilar, sem soltar uma única lágrima, a cada puxão de orelhas, a cada dois e três estalos seguidos. Tudo nervos e pensamentos negativos que guardou e reprimiu bem lá no fundo da sua alma. O Joãozinho era uma bomba-relolgio pronta a explodir!
- João resolve este problema aqui no quadro – exclamou.
Ele olhou para o quadro, mas só mesmo na direcção do quadro. O seu pensamento, esse, estava muito longe da resolução daquele problema. Era como se já tivesse dado como certo que não conseguiria saber a resposta e tivesse à espera do castigo da professora.
João baixou a cabeça e ficou simplesmente à espera que a professora lhe batesse.
- Estou a falar contigo! – insistiu a professora agarrando-o pela orelha. – Não houves?!
João fez um enorme esforço para aguentar a dor. Sabia que brevemente outro seria chamado ao quadro e ele regressaria ao seu lugar.
A sensação negativa seguinte viria da mão direita da professora, que sem preparação, disfere nele um forte chapadão e um rude golpe na sua – já fraca – auto-estima.
- Vai para o teu lugar, rápido! – ordenou a professora.
João virou-se e andou três passos na direcção da sua secretaria, mas, de repente parou.
«Ela não vai parar. Vai ser mais um ano inteiro desta merda!», pensou ele, que agora debatia-se com os pensamentos mais aterradores e macabros.
A professora preparava-se para chamar outro aluno quando reparou nele ali parado no meio da sala.
- O que é que estás a fazer? Vai para o teu lugar! – E perante a inércia deste. – És burro? Parou-te o cérebro?
Aos poucos, umas tímidas risotas começaram a assomar pela sala.
João começou a respirar com mais intensidade, quase a arfar. E de repente dispara:
- És uma cabra, é o que és! Não vales nada!
- O quê?! – gritou a professora incrédula com o que estava a ouvir.
João já não falou, levou a mão ao bolso das calças e sacou de um canivete. Virou-se rapidamente e seguiu em direcção à professora. Esta assustada e praticamente sem reacção dá uns passos para trás, mas ele, determinado, acelera o passo e salta rapidamente sobre ela, derrubando-a e fazendo-a cair para trás, ficando sentado mesmo sobre o seu abdómen
Todos os outros alunos começaram logo a gritar e a fugir para fora da sala.
Pôs a mão esquerda sobre o pescoço da professora e de canivete empunhado na mão direita, começou num frenético movimento a espetá-la com toda a força que tinha. Primeiro cortou-lhe as mãos todas com fundos golpes, que a indefesa mulher usou para se defender, começando depois então a perfurar-lhe o peito e a barriga. O sangue era imenso e saltava em esguincho para o chão e para os tacos castanho-claros da sala, enquanto ía ensopando a roupa e criando uma vasta poça em redor. Aos poucos, os gritos iniciais da senhora, íam-se silênciando e dando origem a pequenos espasmos e a golfadas de sangue que abundantemente lhe saíam da boca. João não queria parar, pelo menos enquanto não tivesse a certeza de que ela estaria mesmo morta.
Tinham passado cinco minutos desde o começo de toda esta carnificina e o João estava agora imóvel, paralisado e silencioso. E ficou ali por breves instantes, a olhar para aquele corpo prostrado e jazido no tabuado.
De repente, pareceu voltar a ter reacção. Inclinou-se sobre a professora, tirou-lhe os oculos e com toda a calma levou o canivete ao globo ocular do olho esquerdo. Enfiou a faca por um canto do olho e arrancou-o, ficando este pendurado ao lado da cabeça pelas veias e nervos. O olho direito deixou ficar. Chegou-se um pouco mais para baixo e abriu os botões, primeiro do casaco e da camisa a seguir, deixando exposto todo aquele corpo perfurado e mutilado coberto de sangue. A seguir, espetou a faca na barriga e num rapido impulso fez um enorme corte mesmo sobre o umbigo. Abriu-o com as mãos, deixando à mostra os intestinos, e novamente com ambas as mãos, agarrou-os, começando a puxa-los para fora.
João estava completamente demente e fora de si. Levantou-se, soltando gargalhadas estéricas e assustadoras e seguiu a direcção da janela da sala enquanto ia puxando o intestino delgado do cadáver inerte no chão e enrolando-o ao mesmo tempo no seu pescoço.
A sala ficava no primeiro andar do edifício e a ideia dele seria certamente atirar-se da janela e enforcar-se com os intestinos da professora.
Joãozinho agarrou numa cadeira e colocou-a junto à janela. Abriu de seguida a mesma, subiu para o parapeito, pôs-se de pé e abrindo os braços atirou-se cá para baixo.
- Adeus mundo triste e cruel! – ouviu-se da boca do Joãozinho, antes de bater com os cornos no chão.
Conclusão: Visto o intestino delgado ter à volta de seis metros e a altura do primeiro andar ser apenas de quatro, os intentos do Joãozinho saíram gorados. Não morreu enforcado, mas ganhou uma perna partida. Os intestinos da professora foram doados à “Sicasal” para fazerem salsichas.
Moral da História: Os meios justificam os fins.